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segunda-feira, 21 de março de 2016

Recomendações do BTG: Marfrig e Minerva

Leio no Infomoney:

“A equipe de análise do BTG Pactual divulgou relatório em que comenta o setor de frigoríficos no Brasil. Os analistas recomendam compra para os papéis da Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) e ainda comentam que 2016 será o “ano da carne”.

De acordo com a instituição financeira, a expectativa é de que esse ano seja bastante forte para esta indústria, mesmo com desafios pela frente como baixas margens e barreiras de entrada, o ciclo é favorável para a carne bovina.

(…) O preço-alvo estimado pelos analistas para o papel da Marfrig é de R$ 10,00 por ação, o que totaliza um potencial de valorização de 48,81% em relação ao fechamento do dia 18 de março de 2016. Já o preço-alvo para os próximos doze meses para a Minerva é de R$ 18,00, upside de 57,89%.”

(Link da notícia: http://www.infomoney.com.br/onde-investir/acoes/noticia/4771579/btg-recomenda-compra-para-acoes-espera-alta-quase-ano)

Achei interessante registrar no blog esta recomendação do BTG para que possamos verificar os resultados no futuro. Invariavelmente, tanto a Marfrig como a Minerva são péssimas empresas quando analisadas pelas lentes do value investing. Mas, segundo os analistas, poderão apresentar uma valorização expressiva neste próximo ano.

Eu sinceramente gostaria de entender qual metodologia estes analistas utilizam para prever algo deste tipo. Segundo os meus critérios, ambas empresas valem menos do que estão custando; além disso, é notável a deterioração de seus resultados nos últimos anos, em praticamente qualquer ângulo que se analise; e finalizando, são empresas bem fracas quando comparamos com seus pares do setor.

O segmento de carnes me interessa muito. Já analisei diversas vezes as empresas que o compõem. Se me perguntassem o que espero para o seu futuro, certamente responderia com um tom otimista. É um segmento essencial, que dificilmente sofrerá quedas drásticas de consumo. Mas, obviamente, este fato por si só não irá fazer com que as empresas prosperem.

De qualquer maneira, que fique registrado aqui esta recomendação. Será interessante verificar se realmente os analistas do BTG estão certos em suas previsões. Tentarei fazer isso mais vezes.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Voltando a Siegel; falando de renda fixa

Estimulado por um comentário que li em algum blog de finanças, revirei minhas prateleiras para encontrar o livro de Jeremy Siegel, Investindo em ações no longo prazo (Ed. Bookman, 5ª edição) e consultar uma informação. O livro é bem interessante, especialmente por expor diversos estudos diferentes acerca dos rendimentos de diferentes aplicações no longo prazo. Ao encontrá-lo e consultar a informação que procurava, revi novamente todos estes estudos e decidi escrever um artigo, visto que o momento é bem oportuno. Então, vamos lá.

Navegando pelos sites brasileiros que abordam investimentos e lendo a opinião de seus especialistas, podemos chegar a uma conclusão: é a hora da renda fixa. Com o tesouro pagando uma rentabilidade real de aproximadamente 7%, dificilmente vemos alguém defendendo que há investimento melhor a se fazer no momento do que os títulos públicos. Mas eu discordo: há sim; as ações historicamente superaram os títulos em rentabilidade no longo prazo, independente de quão alto estavam os juros, quão absurda estava a inflação, quão destruidoras foram as guerras, crises, e quaisquer outros eventos catastróficos do passado. E isto está evidenciado no livro de Jeremy Siegel.

O livro nos mostra dados interessantes comprovando que as ações são sim consideravelmente mais rentáveis no longo prazo. Através de um estudo com dados da economia americana abrangendo o período de 1802 até 2012, Siegel traçou um comparativo entre uma carteira diversificada de ações ordinárias escolhidas aleatoriamente e uma carteira composta de títulos públicos, sobre variados horizontes de investimento. Os resultados estão demonstrados abaixo:


Observem que para o prazo de um ou dois anos, as ações superam a rentabilidade dos títulos em cerca de três a cada cinco vezes, porém aumentando o horizonte de investimento, a rentabilidade das ações supera de forma progressiva e cada vez mais absoluta o rendimento dos títulos, ao ponto de que em um horizonte de trinta anos, em praticamente cem por cento dos períodos estudados as ações superaram os títulos públicos, assim como as letras do tesouro.

Abrindo um parêntese: quando penso no coro uníssono a favor de títulos vejo que vivemos em um país tão medíocre que a leitura de nossos jornais econômicos e de nossos especialistas financeiros nos prejudica muito mais do que ajuda no que diz respeito aos nossos próprios investimentos. Temos de passar por crises de confiança terríveis graças à enorme quantidade de desinformação que lemos diariamente. O investimento em valor é visto pelos analistas brasileiros como ineficaz, e constantemente somos recomendados a investir ou deixar de investir em empresas devido a situações exclusivamente momentâneas. O resultado disso? Dificilmente encontramos investidores no Brasil que mantêm suas aplicações por um período superior a dois anos. 

Infelizmente, a cultura afobada e a visão completamente distorcida que os brasileiros têm do mercado de ações faz com que, em geral, exista uma fortíssima corrente que os induz a se preocuparem demasiadamente com os retornos no curto prazo, o que acaba resultando em estratégias de investimento desastrosas, sem o menor embasamento racional e perspectiva de futuro, e que acabam gerando enormes perdas para a grande maioria dos investidores. Neste cenário, não é de todo ruim que se recomende títulos públicos... o investidor brasileiro comum não tem disciplina para manter uma carteira de ações, por isto, está fadado a perder dinheiro. Mas não, os títulos não são o melhor investimento.

Voltando ao Siegel, vejam outro exemplo claro de que as ações dão um banho de rentabilidade na renda fixa. No gráfico abaixo, foi simulado uma situação em que o investidor aplicasse um dólar em diferentes classes de ativos no ano de 1802 e mantivesse o capital aplicado durante dois séculos (óbvio, isso não é possível de forma prática, mas o gráfico tem o objetivo de apenas mostrar a evolução do capital). 




Pois é... o investidor que tivesse aplicado um único dólar em 1802, teria acumulado uma fortuna de 13,48 milhões de dólares no ano de 2012, enquanto o investidor que comprou títulos públicos teria acumulado cerca de 33,92 mil. O retorno real dos investimentos em ações no período estudado (já descontado da inflação) chegou a cerca de 8,1%, e importante salientar: não houve critérios de seleção para as ações que analisassem a administração das empresas, a sua consistência nos lucros, sua perspectiva de futuro, o estado de sua dívida, o crescimento de seu patrimônio... nada. Muitas das empresas que integraram esta carteira tiveram resultados pífios, mas mesmo assim podemos observar claramente que as ações predominaram sobre todas as outras classes de ativos. Será que os analistas brasileiros têm conhecimento destes dados? Por que então recomendam efusivamente o investimento em renda fixa?

“Ok, mas estes dados dizem respeito apenas aos Estados Unidos, que constituem a maior economia do mundo e cresceram assombrosamente nestes últimos dois séculos.”

Para a minha felicidade, a quinta edição do livro de Siegel já cuidou de refutar este argumento. Na verdade, Siegel foi bastante questionado após a publicação do primeiro volume, em 1994, sobre a validade de seus estudos para nível mundial. Movidos por esta questão, um grupo de economistas do Reino Unido examinou os retornos históricos das ações e títulos públicos em 19 países partindo do ano de 1900. A pesquisa foi publicada em 2002 em um livro intitulado Triumph of the Optimists: 101 years of global investiment returns. Resultado?


Pelos próprios autores:

“Em todos os países o desempenho das ações foi melhor do que o dos títulos. Ao longo dos 101 anos, apenas dois mercados de renda fixa e somente um mercado de letras ofereceram um retorno melhor do que o nosso mercado acionário no pior desempenho.”

Dizer o quê? Que o Brasil não está incluído nos países analisados? Mas como poderia estar, se somos completamente insignificantes perante ao mundo?

Toda a história corrobora a afirmação de que uma carteira diversificada de ações é o investimento que traz melhores retornos no longo prazo entre todas as outras classes de investimento disponíveis no mercado financeiro, não importa a situação econômica que o país possa atravessar. E mais: uma seleção de empresas feita com a devida diligência complementada de um acompanhamento constante da evolução de seus resultados pode trazer rentabilidades extraordinárias para o investidor que tenha paciência e disciplina para persistir em seus investimentos.

“Então você quer dizer que os títulos não estão bons para comprar?” Claro que estão, mas entre eles e uma carteira diversificada com boas empresas, não tenho dúvidas sobre qual escolher.

terça-feira, 1 de março de 2016

Fechamento - Fevereiro/2016

Vamos então a mais um fechamento mensal, o segundo deste blog. 

Fevereiro foi mais um mês ruim para a economia do país, como, aliás, tem sido todos os meses deste governo vergonhoso. Tivemos uma enxurrada de péssimas notícias, com destaque para um novo rebaixamento feito por uma agência de risco, a Moody's, além do pedido de falência do grupo Mabe, dono das marcas Dako e Continental. Cada vez é mais patente a gravidade de nossa situação, e por hora, nada de esperanças para alguma melhora.

O Ibovespa não acompanhou a tragédia dos noticiários, e teve uma alta de 5,91%, o que nos mostra mais uma vez que, definitivamente, o mercado é irracional.

No setor industrial, em que estou inserido, o clima é de pessimismo total. Notícias de demissões em massa, falência de empresas, corte de produção... A segunda maior empresa da cidade em que eu vivo, por exemplo, anunciou este mês que irá desativar cerca de 75% da produção em sua principal unidade. Estamos falando de milhares de empregos que simplesmente deixarão de existir.

Enquanto isso, vemos na Argentina um presidente corajoso devolvendo a dignidade perdida a seu país, após mais de uma década de kirchnerismo, esfregando na cara dos ignorantes esquerdistas que, sim!, o liberalismo SEMPRE funciona. Maurício Macri cortou impostos sobre a venda de carros e motos, impulsionando a produção; extinguiu os impostos sobre exportação, ressuscitando o agronegócio do país; diminuiu impostos sobre os salários, aumentando a renda dos trabalhadores argentinos; isso tudo, para desespero dos esquerdistas, aumentando a arrecadação. Que coisa, não?! É a prova de que, com um pouco de boa vontade e coragem política, é possível reerguer um país em frangalhos.

Pegando a onda da política, não poderia deixar de citar a prisão do marketeiro e sem vergonha João Santana, o homem que, sem dúvidas, ocupa o segundo lugar em importância na quadrilha do PT. Confesso que não esperava que esta prisão se concretizasse, e que ela não melhora em nada nossa situação, mas senti uma agradável sensação de justiça. Agora falta o chefe.

Mas vamos ao que interessa. A carteira, este mês, teve uma bela valorização, diminuindo um pouco o impacto do mês de janeiro. Os aportes, como disse, foram direcionados para uma nova categoria de investimentos, e muito provavelmente o mês de março será igual.

Abaixo as rentabilidades mensal, anual e histórica: 

Rentabilidade mensal: 3,82%
Rentabilidade anual: -4,27%
Rentabilidade histórica: -15,11%

Acredito que será comum oscilações significativas no decorrer de todo o ano. Minha carteira é jovem, ainda em formação, e estou demasiadamente concentrado em minhas aplicações. Com o tempo, a tendência é que eu esteja mais diversificado e, ao menos teoricamente, enfrente menores oscilações mensais.