Para mim, algo normal. Afinal, não vejo a abertura de nada, não acompanho nenhum esporte olímpico e sequer assisto televisão. Mas basta um comentário desinteressado sobre o assunto para que olhares de desprezo surjam ao redor da mesa.
Explico: em um almoço com alguns colegas de trabalho, mencionei que não havia assistido a abertura, e que achava aquilo tudo um grande escárnio para com o brasileiro que paga impostos. Afinal, estamos em meio a uma crise avassaladora, com milhões de desempregados sem perspectivas de retorno, e exibimos ao mundo um festival esportivo que irá literalmente incinerar toneladas de dinheiro.
Pronto. Foi dizê-lo e o silêncio instalou-se na mesa. Um silêncio entre aspas, pois os olhares diziam tudo.
Desagradável. Mas é sempre assim quando a realidade bate à porta. E o sucesso dos jogos não irá de forma alguma justificar tamanho dispêndio de dinheiro. A abertura das Olimpíadas é o brasileiro que não trabalha, alimenta mal os filhos, não incentiva a sua educação e ainda assim continua a tomar sua cerveja.
II) Em outro almoço, ouço dois adultos conversando, entre uma e outra garfada:
— Cara, vindo para o trabalho eu peguei dois pokémons. Vi que tem mais um ali na igreja, e outro na praça.
— Vamos lá depois daqui?
— Vamos. Quantos você já pegou?
— Oitenta e seis. Mas tem gente bem melhor do que eu. O meu problema tá sendo a patroa, que fica no meu pé e me atrapalha a jogar.
— É... mas ainda assim você está bem.
— Sábado de tarde eu vou para o centro, não tem comparação o tanto de pokémon que aparece por lá. Por isso quem mora lá perto evolui muito rápido.
— Ué, você não ia no churrasco do pessoal da empresa?
— Prioridades né, meu caro?! Prioridades...
III) E o Ibovespa não para de subir. Fico aqui a pensar: no início do ano, estávamos na casa dos 40 mil pontos, com perspectivas das mais pessimistas para este ano e o próximo. Os economistas, em uníssono, alardeavam a chegada da maior crise de nossa história, prevendo uma possibilidade de recuperação apenas ao final de 2017 ou depois.
Agora, passados poucos meses, temos o Ibovespa marcando 57 mil pontos, uma valorização que supera os 40% em relação a janeiro. Pergunto: onde se deu a essencial mudança neste tempo, que por uma infelicidade acabou me escapando?
Resposta: não se deu mudança nenhuma. Continuamos na crise, porém, agora com um mercado melhor humorado.
Pardal agora comentando como Anôn
ResponderExcluirI) Faço das tuas, minhas palavras.
Complemento:
Na Roma antiga tínhamos Pão e Circo, veio a "modernidade", com a sofisticação temos PokémonGo, Olimpíadas, Carnaval, Futebol dia sim dia também, etc.
Para que?
Para que as pessoas não enlouqueçam, ou melhor, para que não descubram que são loucos, e sigam em frente com suas vidas patéticas.
O "homem massa", exponenciado em número, é uma força avassalante.
II) Adultos infantilizados, idiotas de esquina, estúpidos, ignorantes, presos em sua própria preguiça e sonolência intelectual.
Pare um minuto, pense a respeito.
III) "Mercado" em uníssono, acredite, cemitério de malandro.
O fundamento é não ter fundamento, por isso o mercado é fascinante, a dita racionalidade do mercado é um mito.
Animal spirits, especulação e muito dinheiro sobre a mesa.
Jogue o jogo, alea jacta est!
Falow,
Pardal
Pardal,
ExcluirÓtimo comentário!
Abraços.
Acho ótimas suas postagens reflexivas. Abraço!
ResponderExcluirAnônimo,
ExcluirFico feliz que tenha gostado.
Até!
Rapaz, já gostei mais de olimpiadas e copa do mundo, tô nem sabendo o que tá rolando.
ResponderExcluirAdicionei o seu blog no meu RSS Feed Reader (http://abacusliquid.com/blogosfera/)
Quando tiver uma oportunidade adicione também o meu novo site no seu reader (http://abacusliquid.com).
Grande Abraço!
Adicionado, mestre.
ExcluirAbraços!
Valeu, Burguês!
ResponderExcluirQuando você havia citado "Baía pirata" eu não associei ao Pirate Bay, rs. Novamente, obrigado pelo link. Irei baixá-lo ainda hoje.
Abraços.