Uma questão interessante que é causa de bastante divergência entre as diferentes abordagens daqueles que usam o método Buy and Hold é a importância do preço para a compra de um ativo. Sumariamente, podemos expor dois tipos de abordagem: os que dizem que o preço não é importante, que "sócio tem de querer pagar caro"; e os que acham o preço importante, constituindo um dos critérios para a seleção de uma empresa.
Estou no segundo grupo. Para mim, o preço que se paga em um ativo é essencial. Para exemplificar: comprar um carro popular pela metade do preço é um negócio mais vantajoso do que comprar um carro de luxo por mais do que ele realmente vale. É mais ou menos por aí que eu penso.
Acredito piamente que ter sucesso como investidor não é exatamente ser sócio das melhores empresas. É ter os melhores retornos. E dependendo dos preços de compra dos ativos, muitas vezes nem uma nova Microsoft irá nos dar retornos expressivos. Por isso, defendo a ideia de que investir corretamente é comprar boas empresas por um preço justo. Em suma, é fazer os melhores negócios.
Que fique claro: ao dizer que o preço é importante não estou afirmando que qualquer oscilação mínima no preço de uma ação impactará em nossos retornos futuros, nem que o investidor deve tentar encontrar o timing certo para a compra em todos seus aportes mensais. O que estou dizendo é que existe uma notável vantagem em se comprar uma empresa P/L 5 ao invés de uma empresa P/L 40 caso a qualidade de ambas seja comparável.
E arremato: uma empresa barata não precisa apresentar resultados fantásticos para gerar altos retornos, já uma empresa cara necessariamente precisa.
Bom, agora vamos a outro ponto que julgo interessante.
Ações de valor x Ações de crescimento
Frequentemente vejo investidores que, para justificar sua opção por ignorar o preço das ações, afirmam que o crescimento é mais importante. Isso é certo? É claro! Aliás, depende. Os crescimentos futuros são realmente mais importantes, mas... podemos realmente compará-los? Comparar os indicadores de duas empresas me parece algo bastante palpável, enquanto comparar crescimentos futuros soa como algo demasiadamente especulativo. Mas vamos supor que estamos apenas comparando empresas com alto crescimento e empresas com baixo preço em relação aos seus fundamentos (lucros, dividendos e valor contábil), as chamadas empresas de valor. Neste caso, as primeiras levam vantagem?
Não. As ações de valor oferecem retornos mais altos que as ações de crescimento. Isto foi determinado em um estudo feito por Eugene Fama e Kenneth French, e resumidamente acontece porque os investidores pagam mais caro por ações de crescimento, que normalmente se encontram em setores que inspiram maior otimismo em relação aos seus resultados futuros, como o setor de tecnologia, por exemplo.
Já as ações de valor estão normalmente em setores considerados cíclicos, com pouca expectativa de crescimento ou, basicamente, setores em que a lucratividade é associada aos ciclos econômicos. Podemos citar aqui as empresas de energia como um ótimo exemplo.
Para ilustrar melhor, vamos a um trecho contido no livro de Jeremy Siegel, Investindo em ações no longo prazo que, aliás, é repleto de ótimos exemplos. Segue a transcrição:
"Para mostrar que o crescimento não se traduz necessariamente em retornos superiores, imagine-se por um momento como um investidor em 1950, no alvorecer da era digital. Você tem US$ 1000 para investir e tem a opção de escolher entre duas ações da Standard Oil de Nova Jersey (hoje ExxonMobil) ou uma nova empresa escolhida para que reinvista todos os dividendos pagos em novas ações e manterá seu investimento a sete chaves durante os próximos 62 anos, que será repartido no final de 2012 entre seus bisnetos ou doado para uma instituição beneficente de sua preferência.
De qual empresa você vai comprar? E por quê?
(...) a IBM supera amplamente a Standard Oil em todas as medidas de crescimento que Wall Street utiliza para escolher ações: vendas, lucro, dividendo e expansão do setor. O crescimento do lucro por ação da IBM ficou mais de três pontos percentuais por ano acima do crescimento do lucro da gigante do petróleo ao longo das seis décadas seguintes. À medida que a tecnologia da informação avançou e a tecnologia tornou-se mais importante para a nossa economia, este setor saltou de uma participação de mercado de 3% para aproximadamente 20%.
Em contraposição, a participação de mercado do setor de petróleo diminuiu significativamente no decorrer deste período. As ações de petróleo compunham em torno de 20% do valor de mercado de todas as ações americanas em 1950, mas caíram para quase metade do valor em 2012.
Com base nesses critérios de crescimento, ganhar o favoritismo dos investidores seria uma tarefa fácil para as ações da IBM. Mas a Standard Oil revelou-se melhor opção de compra. Embora as duas empresas tenham se saído bem, o retorno dos investidores da Standard Oil ficou mais de 1 ponto percentual por ano acima da IBM. Quando seu cofre fosse aberto 62 anos depois, os US$ 1000 que você investiu na gigante do petróleo valeriam US$ 1,62 milhões, mais de duas vezes o valor da IBM."
Conclusão: nem o crescimento do setor, tampouco o crescimento da própria empresa irão garantir que o investidor tenha altos retornos, ao menos não se ele pagar caro por suas ações. Perspectivas setoriais normalmente são inúteis, e o que realmente devemos nos esforçar é para ser sócio de boas empresas que estão sendo negociadas por preços abaixo do que realmente valem. Esta é a chave do sucesso.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
Minha nova categoria de investimentos: empréstimos
Já faz algum tempo que venho agonizando por não conseguir aumentar de forma consistente meus aportes. Tenho conseguido guardar algo em torno de oitenta por cento de todo dinheiro que passa em minhas mãos nestes últimos meses, mas como minha receita não aumenta (e acredito que não irá aumentar tão cedo), meus aportes estão estagnados próximos ao que seria o meu teto. Carrego, portanto, a sensação de que preciso acelerar de alguma forma o crescimento do meu patrimônio, mas não sei exatamente o que fazer. Ou melhor, não sabia.
Me inspirando na estratégia do blog Viver de Construção, decidi trabalhar em uma nova fonte de renda para alavancar meu capital: destinando parte do meu patrimônio para empréstimos.
Na verdade, eu não sei como não havia pensado nisso há mais tempo. Uma pessoa muito próxima de mim tem uma factoring e esta oportunidade estava gritando histericamente na minha cara. Eu sempre tive receio de emprestar dinheiro para outras pessoas, não gosto de ter de cobrar, e acho que por isso nunca havia pensado na hipótese de ganhar com juros. Mas, como disse, vejo uma pessoa muito próxima fazendo isso há muito tempo e ganhando bastante dinheiro. Então, por que não entrar neste barco?
Em cerca de dois minutos de conversa me convenci de que valia a pena. Não vou me envolver com a parte operacional, não terei de enfrentar nenhuma burocracia... Então, o plano será: irei repassar dez por cento do meu aporte mensal para esta pessoa, que irá cobrar uma taxa de administração de 0,5% e fará meu capital render 3,34%. Esta rentabilidade é um sonho, mas claro, os riscos são proporcionais. Sendo assim, irei estabelecer um teto para esta aplicação, que irá ser de R$ 15 mil, e me renderá cerca de R$ 500 mensais. Neste primeiro mês, irei destinar todo meu aporte para empréstimos.
Abro um parêntese: conversando comigo sobre a factoring, pude perceber que o padrão de clientes desta pessoa que conheço é sempre idêntico. Sempre são pessoas com ótimos salários, ótimos empregos e que fazem empréstimos rotineiramente como um método, queimando dinheiro com juros mês atrás de mês. É incrível como a esmagadora maioria dos brasileiros não têm nem o básico da educação financeira. Ah, um detalhe: até pelo perfil dos clientes, a taxa que irei receber ainda é relativamente pequena, pois sei de muitas factorings que trabalham com algo próximo de 5% ao mês.
Outra coisa importante: irei desconsiderar o rendimento dos meus empréstimos para as postagens futuras de fechamento mensal, mas posso postar a porcentagem de minha alocação entre ações e empréstimos. Estou pensando em fazer postagens mais detalhadas no fechamento.
Finalizando, tenho uma sensação de que esta minha guinada para uma estratégia mais arrojada pode me dar bons frutos no futuro. Este ano me propus fazer o que for necessário para ter o melhor desempenho financeiro de toda minha vida. Veremos como será.
Me inspirando na estratégia do blog Viver de Construção, decidi trabalhar em uma nova fonte de renda para alavancar meu capital: destinando parte do meu patrimônio para empréstimos.
Na verdade, eu não sei como não havia pensado nisso há mais tempo. Uma pessoa muito próxima de mim tem uma factoring e esta oportunidade estava gritando histericamente na minha cara. Eu sempre tive receio de emprestar dinheiro para outras pessoas, não gosto de ter de cobrar, e acho que por isso nunca havia pensado na hipótese de ganhar com juros. Mas, como disse, vejo uma pessoa muito próxima fazendo isso há muito tempo e ganhando bastante dinheiro. Então, por que não entrar neste barco?
Em cerca de dois minutos de conversa me convenci de que valia a pena. Não vou me envolver com a parte operacional, não terei de enfrentar nenhuma burocracia... Então, o plano será: irei repassar dez por cento do meu aporte mensal para esta pessoa, que irá cobrar uma taxa de administração de 0,5% e fará meu capital render 3,34%. Esta rentabilidade é um sonho, mas claro, os riscos são proporcionais. Sendo assim, irei estabelecer um teto para esta aplicação, que irá ser de R$ 15 mil, e me renderá cerca de R$ 500 mensais. Neste primeiro mês, irei destinar todo meu aporte para empréstimos.
Abro um parêntese: conversando comigo sobre a factoring, pude perceber que o padrão de clientes desta pessoa que conheço é sempre idêntico. Sempre são pessoas com ótimos salários, ótimos empregos e que fazem empréstimos rotineiramente como um método, queimando dinheiro com juros mês atrás de mês. É incrível como a esmagadora maioria dos brasileiros não têm nem o básico da educação financeira. Ah, um detalhe: até pelo perfil dos clientes, a taxa que irei receber ainda é relativamente pequena, pois sei de muitas factorings que trabalham com algo próximo de 5% ao mês.
Outra coisa importante: irei desconsiderar o rendimento dos meus empréstimos para as postagens futuras de fechamento mensal, mas posso postar a porcentagem de minha alocação entre ações e empréstimos. Estou pensando em fazer postagens mais detalhadas no fechamento.
Finalizando, tenho uma sensação de que esta minha guinada para uma estratégia mais arrojada pode me dar bons frutos no futuro. Este ano me propus fazer o que for necessário para ter o melhor desempenho financeiro de toda minha vida. Veremos como será.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
Fechamento - Janeiro/2016
Como já informado, a partir deste mês irei postar regularmente a rentabilidade da minha carteira de ativos. Recapitulando: a série histórica se iniciou em outubro de 2015 e as postagens da rentabilidade serão feitas mensalmente.
Ainda estou pensando sobre a possibilidade de incluir em minhas portagens a alocação de ativos carteira, porém, estou um pouco receoso quanto a manutenção do meu anonimato neste blog. Mas deixemos isto para depois.
Falando do mês em questão, eu não poderia começar de forma pior. A rentabilidade da carteira foi ainda mais baixa que a do Ibovespa, que apresentou forte queda; CDI então, nem se fala...
Sabemos que a importância real da rentabilidade mensal para uma carteira de longo prazo não é algo que me fará perder os cabelos e nem mudar absolutamente nada em minha estratégia, mas tenho de admitir que é uma sensação desagradável ver quedas atrás de quedas.
E abrindo um parêntese: está cada vez mais patente o tamanho do buraco em que nós nos metemos. A inadimplência já está realmente preocupante, o desemprego aumentando rapidamente, tenho escutado inúmeros casos de assaltos... A crise realmente atingiu o brasileiro. E como não poderia ser diferente, as perspectivas não são nada favoráveis para o curto e médio prazos. Resumindo: ainda vamos agonizar bastante.
Mas vamos ao que interessa, os dados:
Rentabilidade mensal: -7,79%
Rentabilidade anual: -7,79%
Rentabilidade histórica: -18,23%
"Quase quinze por cento de desvalorização em quatro meses? Caralho, cara, você é uma máquina de perder dinheiro." Pois é... deveria ter me divertido apostando em cavalos...
Ainda estou pensando sobre a possibilidade de incluir em minhas portagens a alocação de ativos carteira, porém, estou um pouco receoso quanto a manutenção do meu anonimato neste blog. Mas deixemos isto para depois.
Falando do mês em questão, eu não poderia começar de forma pior. A rentabilidade da carteira foi ainda mais baixa que a do Ibovespa, que apresentou forte queda; CDI então, nem se fala...
Sabemos que a importância real da rentabilidade mensal para uma carteira de longo prazo não é algo que me fará perder os cabelos e nem mudar absolutamente nada em minha estratégia, mas tenho de admitir que é uma sensação desagradável ver quedas atrás de quedas.
E abrindo um parêntese: está cada vez mais patente o tamanho do buraco em que nós nos metemos. A inadimplência já está realmente preocupante, o desemprego aumentando rapidamente, tenho escutado inúmeros casos de assaltos... A crise realmente atingiu o brasileiro. E como não poderia ser diferente, as perspectivas não são nada favoráveis para o curto e médio prazos. Resumindo: ainda vamos agonizar bastante.
Mas vamos ao que interessa, os dados:
Rentabilidade mensal: -7,79%
Rentabilidade anual: -7,79%
Rentabilidade histórica: -18,23%
"Quase quinze por cento de desvalorização em quatro meses? Caralho, cara, você é uma máquina de perder dinheiro." Pois é... deveria ter me divertido apostando em cavalos...
terça-feira, 12 de janeiro de 2016
Rentabilidade e o ano que se passou
Como me propus a postar mensalmente a rentabilidade da minha carteira a partir deste ano, quero falar um pouco sobre rentabilidade e sobre o ano passado.
Eu nunca medi a rentabilidade de forma metódica como os demais da blogosfera fazem, então não posso postar aqui a minha rentabilidade histórica, por não ter este número facilmente. Na verdade, acho que até seria possível, mas eu teria de levantar todos os preços históricos de mês em mês das ações que possuo e lançá-los todos na planilha que estou usando atualmente. Acho que daria muito trabalho para um retorno pouco significativo. Na realidade, acredito que medir a rentabilidade seja interessante por estimular o investidor a se comparar com alguns índices de mercado e com suas metas pessoais de rendimento. Usar rentabilidade mensal como parâmetro de sucesso ou apegar-se à ela de forma obsessiva, para mim não faz sentido.
Que seja... estou medindo minha rentabilidade utilizando a metodologia de cálculo disponibilizada numa planilha do blog Além da Poupança desde outubro do ano passado, e irei acompanhá-la ao longo do tempo comparando com o CDI e com a minha rentabilidade planejada, já descrita anteriormente.
O que posso dizer até agora? Minha carteira está com uma valorização de -8,46%, o que é um péssimo resultado para apenas três meses, e representa uma amostragem fiel do que foi o meu 2015.
Tive um 2014 bom, e este ano que passou foi realmente um teste para ver se eu tenho culhões para aplicar o que estudei. Várias empresas apresentaram quedas vertiginosas de preço mesmo mantendo ou melhorando seus resultados operacionais. Cheguei ao ponto de ver minha carteira desvalorizar quase 30%, o que certamente afetaria os nervos de qualquer um. Ainda assim, continuei aportando nas empresas que sou sócio e estudando outras empresas em busca de oportunidades.
Acredito que 2016 será mais um ano desastroso para o país, o que não mudará em nada a minha estratégia. Continuarei comprando ações de boas empresas, estudando opções que não estão em minha carteira e focando nos aportes. Afinal, existe algo melhor para alguém que está no início de um plano de investimentos, ainda na fase de acumulação de patrimônio, do que um longo mercado de baixa?
segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
Minha alocação de ativos
Cem por cento em ações. Simples assim. Antes de atingir meus primeiros cem mil, irei aplicar meu capital integralmente em ações. Por dois motivos:
1) Basicamente eu me especializei apenas em ações. A renda fixa nunca me atraiu. Fundos de índice e fundos de investimento também não —ao menos no Brasil. Sempre acreditei que comprar boas empresas por um preço justo fosse o melhor caminho, e defini que antes dos cem mil não iria adotar nenhuma estratégia de alocação que objetivasse a proteção de meu capital. Claro, nenhuma além da diversificação (estimo algo entre oito e dez empresas como portfólio ideal para este valor de carteira).
2) Definitivamente eu não gostaria de ter uma quantia desprezível de capital em uma empresa que apresentasse um crescimento vertiginoso. Acho que isso me deixaria mais traumatizado do que perder cada centavo aplicado. Portanto, acredito que algo entre dez e doze mil seja um valor razoável para adotar como aplicação mínima para meus investimentos.
Quanto aos tipos de empresa que compro, digo basicamente que minha carteira tem entre 30% a 40% de empresas pagadoras de dividendos, e o restante de empresas de crescimento. A carteira está alocada em cerca de 20% em blue chips, e o restante em small caps. Priorizo a compra destas, pois é nelas que confio que se encontra o grande valor (não apenas por serem desta classe, mas por muitas vezes se encontrarem demasiadamente subvalorizadas).
É isso.
1) Basicamente eu me especializei apenas em ações. A renda fixa nunca me atraiu. Fundos de índice e fundos de investimento também não —ao menos no Brasil. Sempre acreditei que comprar boas empresas por um preço justo fosse o melhor caminho, e defini que antes dos cem mil não iria adotar nenhuma estratégia de alocação que objetivasse a proteção de meu capital. Claro, nenhuma além da diversificação (estimo algo entre oito e dez empresas como portfólio ideal para este valor de carteira).
2) Definitivamente eu não gostaria de ter uma quantia desprezível de capital em uma empresa que apresentasse um crescimento vertiginoso. Acho que isso me deixaria mais traumatizado do que perder cada centavo aplicado. Portanto, acredito que algo entre dez e doze mil seja um valor razoável para adotar como aplicação mínima para meus investimentos.
Quanto aos tipos de empresa que compro, digo basicamente que minha carteira tem entre 30% a 40% de empresas pagadoras de dividendos, e o restante de empresas de crescimento. A carteira está alocada em cerca de 20% em blue chips, e o restante em small caps. Priorizo a compra destas, pois é nelas que confio que se encontra o grande valor (não apenas por serem desta classe, mas por muitas vezes se encontrarem demasiadamente subvalorizadas).
É isso.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Meu plano de aportes
Então vamos falar do meu plano de aportes. Há quatro anos atrás, podemos assim dizer, iniciei de vez meus estudos aprofundados sobre investimentos e ações. Durante seis meses elaborei um plano de investimento para aplicar o pouco capital que já havia guardado (trabalho desde os 16) e estabeleci um plano de aportes mensais. Na época, ainda estagiário, possuía um salário equivalente ao de um lixeiro (sei que você está rindo disso), e mesmo assim levei meu planejamento adiante.
Pois bem. Meu plano inicial era muito modesto. Eu já tinha em mente quais ações comprar mensalmente e como iria fazer a minha alocação inicial de ativos, mas simplesmente não tinha condições de fazer aportes decentes, e por isso sequer tinha um prazo definido para alcançar minha liberdade financeira. Era impossível fazer isso, e eu precisava, antes de tudo, encontrar uma maneira de aumentar significativamente meu salário.
Com seis meses no mercado, mudei de empresa (duas vezes) e na última delas meu salário dobrou, o que finalmente me deu as condições necessárias para estabelecer um prazo decente e minimamente razoável para atingir minha independência financeira. Sendo assim, utilizei da minha experiência em contabilidade de padeiro para fazer meu planejamento.
Meu aporte inicial (digo inicial, mas já considerando os valores que possuía aplicados) seria de R$ 1500, e passaria para R$ 1700 após dois anos. Após este ponto, de cada cinco em cinco anos meu aporte aumentaria em 50%. Difícil? Não creio. Analisando a carreira de funcionários experientes do ramo em que trabalho vi que isso era sim bastante factível. Nesta época estava formando em um curso técnico, que me rendeu um aumento. Após cinco anos, formaria em um curso superior. Após dez anos, já planejava ter ao menos um negócio paralelo que me proporcionasse alguma renda extra. Então, era algo possível.
A rentabilidade que considerei para meus cálculos foi de 1% ao mês (sim, 90% dos padeiros fariam o mesmo), já descontando uma inflação média de 0,4% ao mês, que me daria uma rentabilidade real de 0,6%. Por que estes números?
No livro Investindo em ações no longo prazo, de Jeremy Siegel, foi feito um estudo que mostrou que as ações americanas tiveram, em média, uma rentabilidade de 8,1% entre 1802 e 2012. Considerando que eu sou 0,9% mais estúpido que a média dos investidores de lá (e também para facilitar a conta), os 0,6% ao mês renderiam para minha carteira 7,2% líquidos ao ano, um número razoável.
Quanto a inflação, realmente fui bastante ingênuo. Mas como normalmente altas inflações acompanham altas taxas de juros, e estas taxas valorizam o capital acumulado —uma empresa é, dentre outras coisas, capital acumulado—, a rentabilidade real tende a ser parecida tanto em tempos inflacionários, quanto em tempos de baixa inflação quando se investe em ações.
Então, usando estes dados, calculei que em vinte anos, iria possuir um patrimônio equivalente a R$ 3 milhões, valor que estabeleci como ponto de chegada da independência financeira. Chegando nisso, iria parar imediatamente de trabalhar em um emprego fixo (sendo funcionário ou chefe), e dedicar parcela considerável do meu tempo para fazer aquilo que eu gosto.
Cansou? Pararei por aqui. No próximo post abordarei um pouco sobre minha estratégia de alocação de ativos.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Apresentação
Saudações!
Este blog marcará uma etapa: o caminho percorrido por mim até a liberdade financeira.
Este blog marcará uma etapa: o caminho percorrido por mim até a liberdade financeira.
Pretendo usar este espaço para discorrer sobre investimentos em geral e minha estratégia em específico, além de postar mensalmente a rentabilidade da minha carteira. Também penso em usar este blog para, talvez, abordar algo sobre temas diversos que me interesso, como política e economia. Enfim, deixo esta breve introdução e irei escrever mais detalhadamente sobre estes pontos específicos nos próximos posts. Para os interessados, sejam bem-vindos.
Até!
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